sexta-feira, 7 de outubro de 2011

um caminho sem chão


entre o poeta e a poesia existem caminhos
tempos
que ele estilhaça para sair de todos
os existentes caminhos

porque este ser tão construído
com poesia
não é da ordem do mapa
da geografia

porque um poeta busca nessa
ausência de lugar
o seu universo
único

em cada estrada que vai
de nada a lugar nenhum
procuro sempre além
do encontrável

escrevo exatamente porque
não sei
que idioma vozes margens ou veredas
me inundarão com a Vida

entrevejo uma nação
encantada
que só pode ser dita pela palavra
por inventar

e a todo poeta compete um percurso
lento e cego
que não se presta a revelações
senão esquecimentos

já que só existe uma verdadeira
ameaça
a invasão de um território único homogêneo
a anular

lá quando
os sonhos
sonham

Um comentário:

angela disse...

...mas esse mundo onde os sonhos são sonhados, as palavras inventadas, os caminhos esquecidos e estilhaçados; tem uma faixa amarela?