sábado, 30 de julho de 2011

Quando o tiro sai pela Culatra



Procurei os sinais...

o olhar

o suspiro

o sorriso


Procurei o traço...

inventei palavras

escrevi histórias

colori paisagens

recordei passagens


Procurei o que sabia...

e meu coração desmentia

no descompasso

enlouqueci


Cega me perdi...


terça-feira, 5 de julho de 2011

os pregos


Havia um problema na Pizzaria Galileo naquela tarde. Um cabeludo e andrajoso cliente tinha comido, bebido e tomado café, e agora recusava-se a pagar.

- O senhor não pode sair sem pagar, meu senhor...- o garçon começava a ficar irritado.

- Sinto muito irmão, não faço parte do mundo do capitalismo, vivo da caridade alheia enquanto propago a palavra do Pai.

Capitalista ou não, o garçon resolveu chamar o patrão, 'seu' Domenico, para desenrolar a pendenga. Se o cara fosse mesmo Filho do Homem, não era ele que ia se complicar por isso.

'Seu' Domenico não ficou com meias palavras:
- Escuta aqui, filhote de INRI Cristo, na frente do restaurante há uma praça com fonte e chafariz, se você fizer o Moonwalk do Michael Jackson em cima das águas tá tudo certo, caso contrário, chamo a polícia.

O homem dirigiu-se à fontana e começou a andar na superfície do tanquinho. Quer dizer, ele até que começava bem, dava dois passos sobre as águas, para logo afundar.

- E então?...

- Sabe o que é, meu bom homem, depois que me furaram os pés na Cruz, este milagre não sai mais direito...

domingo, 3 de julho de 2011

Ficar sem estar.


Sem mais

a trava

trava

toda emoção


O corpo permanece

a alma se esvai


Medo

intuição

traição?


O desejo lançado

na contramão

se recolhe

no mais distante lugar


No céu da boca

resta cravado

aquilo que não foi.


Kashf: 1. caminho 2. desvendamento


não diferem o amor e o desejo ardente
o amor é um oceano infinito
onde
os céus não passam de um micro
floco de espuma

o desejo aflui para o rio
caudaloso
do amor primordial
são as vagas do amor que giram
a roda dos dias
e das noites

o amor veio a mim
e aniquilou
meu eu encheu
todas as partes como um boneco
de pele

o amor não me quis deixar
mais
perdi todos os véus
minha realidade única
atingi
lo

de mim já não resta senão
um nome
tudo mais somente espelhos
capitoso
vinho que abundante escorre
da sua face