sábado, 17 de setembro de 2011

Camilo, o Excessivo


Devolvo acertos, compro erros inaptos
dou passagem à gratidão

Quero matisses roubados
acorrentadas, nulas, solidões

Encomendo tradição ao acaso
injetando brevidades no adeus

Facilito a força dos prazeres
mas intenciono garantias alveoladas

Comemoro o absoluto invisível
sem comunicar a opinião da memória

Enjeito o poder dos poderosos
cancelo porquês com pecados

Flutuo no íntimo, coagulo,
ideológico, o azul cooptante

E sofro,
sofro à porta da tristeza crua

A desgraça do próprio destino
antecipado

Removo a montanha dos apesares
atinjo o que sente e não pensa

Contenho toda a distância, acaricio
a promessa e os profetas

E agora, alfinetado à vida
mariposa, dor e raiva

Tenho o caminho fechado para
ela ― Ah,

Não ser inocente, insensível, nem mesmo
um velho fantasma dos mortos perenes

Um comentário:

angela disse...

o preço e o peso de nossas escolhas sempre se transformam em alfinete e moldes a nos conter a vida.
Poema muito bonito em sua tristeza.
beijo