O FEBEAPÁ (Festival de Besteiras que Assola o País) não cessa de produzir pseudo-polêmicas de alto calor argumentativo e baixo teor nutritivo, porém, desta vez o caso é sério e exige medidas práticas de caráter emergencial.
Recentemente, no bojo de um imbróglio que envolve obscuros poemas e citações cifradas, o gestor de um equipamento cultural da cidade de São Paulo foi acusado de promover um EXCESSO DE SARAUS no dito órgão público. Um despautério!
Deixando de lado os méritos (duvidosos) da controvérsia, e visto que todos os envolvidos são (literalmente) brancos e acabarão se entendendo sobre cargos e salários, não pode passar assim, sem mais, tamanha pérola do humor involuntário
Há que se instituir investigação imediata e punição aos culpados: demissão célere, rito sumário e condenação certeira para os bagunceiros das letras. Aliás, sugerimos estender os corretivos a professores que ensinem em excesso, engenheiros que construam, juízes que julguem, médicos que curem e etc.
Propomos a criação de uma COMISSÃO JULGADORA DA VERDADEIRA POESIA, regada a dinheiro público, claro, com poderes para limitar a proliferação abusiva de saraus em todo o território nacional.
É necessário, imperioso e urgente botar tenência na Casa da Mãe Joana, afinal, todos sabemos que um país grande só se faz com uma literatura pequena, bem organizada e seletiva ― de preferência, ignorada do grande público.
Poesia é coisa séria demais para andar por aí na boca de motoboys, overloquistas, contínuos, recepcionistas, babás, rappers, popozudas, pichadores, essa “gente diferenciada” em geral. Pelo nosso projeto-lei, seriam concedidas CARTEIRINHAS OFICIAIS DE POETA apenas àqueles que fossem capazes de traduzir Anacreonte diretamente do alemão e/ou de recitar, de cor ou de cabeça, um capítulo inteiro do Finnegan’s Wake (em qualquer língua).
Neste belo e fagueiro país que resolveu tantos de seus problemas, e cuja maior luta cultural na atualidade começa e acaba em conspiratas para derrubar a ministra da Cultura, não se pode permitir que funcionários públicos andem por aí a cumprir em demasia suas funções. Ordem na caserna acadêmica, pulso firme com a senzala e pé no freio!
A partir deste pequeno, mas extremamente significativo qüiproquó do BELETRISMO nacional, cremos estarem lançadas firmemente as bases para a candidatura brasileira ao IgNobel de Literatura de 2012.
Agora vai!
2 comentários:
Amigo, faltou citar o dito funcionário que cumpriu em demasia suas funções.
"Que pais é esse" Já se perguntava Cazuza e até hoje a gente não sabe responder.
ola amiga vim conhecer seu blog
super agradável boa semana voltarei para ver tudo com mais calma beijos
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