quarta-feira, 31 de agosto de 2011

os zerossexuais (parte 2)


― Alfredo, de que planeta você vem?... essa certeza cega de que sou a mulher da sua vida, sei lá, parece uma coisa meio freak...
            ― Certeza, certeza, ninguém pode ter, em se tratando do que se trata... mas, veja, você mesma, contra a sua vontade, já está sentindo uma simpatia inexplicável por mim...
            Ela percebe que é verdade, mas não se dá por achada ― ... e não é tudo: você ainda me vem com essa de que eu nunca consegui me acertar com ninguém porque todos temos um amor prometido. Ai, ai, receio que você esteja no século errado.
            ― Bom, digamos que pessoas como nós sempre existiram, mas só agora começamos a nos reconhecer numa categoria à parte... hmm, dizer que somos solitários... o que acontece é que é muito difícil achar os nossos semelhantes.
            Nada do que ele dizia era particularmente original, nem mesmo interessante em si; o que realmente chamava a atenção da Mulher era a candura, o desassombro com que falava daquilo que para ela constituía um mistério da vida inteira.
            E então vinha esse rapaz, caído do azul do céu, reduzindo o enigma insolúvel a pó de traque com uma clareza meridiana: simplesmente não havia encontrado ― até agora, segundo ele ―, a pessoa certa.
            Daí uma coisa foi levando à outra: suave era a noite, o papo, solto, o passionário sopro, a brisa sussurrante, a blandícia de palavras e gestos; piano, piano, acabaram indo lontano: foram para a cama.
            Ele trazia camisinhas.
            “Safado”, ela pensou, “veio de caso pensado”. E adormeceu, depois da melhor transa da sua vida.
            No dia seguinte, a surpresa. Uma mulher deitada ao seu lado.
            Levantou-se gritando, puxando o lençol para se cobrir e se refugiou no banheiro; diante do espelho, perguntou a si mesma se continuava sonhando. “Ridículo, isto não está acontecendo”.
Estava assustada de verdade. Depois de uma noite de sonho, aquilo era um despertar de pesadelo. No lugar do desconhecido que dormira com ela, Godofredo ele disse?, agora havia uma igualmente desconhecida... mulher!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

os zerossexuais (parte 1)


            A campainha soa. Péim, péim, péeeim...
            Um toque apressado, impertinente, quase irritado de sem paciência. Quem seria a uma desora destas? A Mulher não está esperando ninguém.
            Pensa no que a avó lhe dizia: “Pra quê essa mania de independência? Pode isso?, ficar enfiada nesse apartamento num sábado à noite... acha que o príncipe encantado vai bater na sua porta?”
            Levanta-se do sofá, vai até à entrada. Abre a porta.
            Antes de completar o gesto, enquanto gira a maçaneta, vem o pânico: ninguém tinha sido anunciado pelo interfone do condomínio. Mas já não consegue interromper o movimento.
            Um homem, desconhecido.
            Que lhe estende um arranjo de flores amarrado com fita, de onde pende um pequeno envelope grampeado ao embrulho. O olhar dela escaneia rapidamente a figura do sujeito procurando adivinhar onde poderia estar escondida uma arma.
            ― Bem, se é só a entrega...
            ― Hãm, meu nome é Alfredo. Sei que você não perguntou, nem pediu para me ver, mas acho que é mais adequado começarmos assim.
            ― Começarmos... começar o quê, cara-pálida? E como é que a portaria deixou você subir sem me avisar, heim, Alberto?
            ― Alfredo. Mostrei o bilhete e eles entenderam, aliás, não vai ler?
            A Mulher permanecia em guarda na soleira, mantinha o lado esquerdo do corpo semi-oculto pela folha da porta. Não se dignava pegar as flores que o outro se esforçava por lhe entregar.
            Alfredo atura cada uma das questões e objeções com uma serenidade tão desabituada que ela não consegue deixar de se impressionar com o rapaz.
            A Mulher, finalmente, lê o cartão.
            Empalidece. O rosto dele se ilumina de expectativas. Um silêncio cavo constrange ambos no hall do elevador.
            ― Isto é uma brincadeira, ou você é maluco? Com que direito você invade a minha privacidade... vem dizer que me ama, que, se eu lhe der chance, também vou lhe amar, e que, depois que a nossa relação nos transformar, tem medo de que me afaste de você?!...
            ― É, a minha fachada não impressiona, mas se você chegar a me conhecer...
            ― Como assim, lhe conhecer? E você, de onde me conhece, senhor perfeito desconhecido?
            ― Ah, isso!, bem, com tanta informação por aí, você sabe, hoje dá pra saber quase tudo sobre alguém antes de conhecer propriamente...
            E por aí foi.
            Ela foi também, mas não sem que antes lhe viesse à mente outra frase dos tempos do zagaia: “Se a Terra gira, então andamos todos tontos”.
            Deixou que ele se explicasse na sala de estar. Fez-lhe um café. E um drinque. Alfredo tinha dito a verdade, e ela foi se encantando conforme o conhecia; embora a chocasse tamanha facilidade em aceitar um estranho dentro de casa.
           

domingo, 21 de agosto de 2011

Kathryn

Pronuncia-se “quétrin”, quase como em inglês, a única coisa que muda é o “h”, que em lugar do som aspirado do “th”, passa a ser letra muda. As palavras e as coisas não se entendem mesmo. Na vida real, não poderia haver duas pessoas mais diferentes no mundo, Catarina, a minha noiva, e Kathryn, uma garota com quem venho me encontrando nas viagens de trabalho.

Chamei a Catarina de noiva e já me arrependi, diria com mais acerto namorada, uma vez que é assim que nos apresentamos aos que não nos conhecem. Dez anos de namoro. Catarina pressiona cada vez mais: há coisa de uns três meses praticamente me obrigou a usar uma aliança de ouro na mão direita. O relógio biológico, costuma repetir.

Vai acostumando a usar, disse; um pré-noivado, porque o noivado mesmo ela já decidiu que vai ser no final do ano em alguma reunião familiar. Uma moça direita é o que é, gosta de rituais, das coisas certas, feitas do jeito certo e na hora certa. Quanto a mim, vou barrigando sem pressa, no vai da valsa. Deixo a vida me levar.

A maneira como conheci a Kathryn é um pouquinho difícil de explicar. Para falar a verdade toda, no momento a minha condição geral é bastante pouco precisa: aparentemente fui promovido ― ganho bem mais que antes ―, mas não faço idéia sobre o cargo que ocupo atualmente na empresa. Catarina sobe a serra com a vaguidão de uma situação profissional como esta.

Acontece que ninguém me fez o favor de ser claro acerca das reestruturações ocorridas, o pouco que sei conto para ela. Bem, não contei sobre a Kathryn. Até porque não sei definir o que me liga a uma garota tão sem eira nem beira; às vezes, nos meus devaneios, imagino que apresentei uma à outra e que fica tudo bem, como se nos unisse a mais santificadora amizade e não devêssemos satisfações a ninguém.

Nunca daria certo, e só agora me ocorre, também eu e Catarina não poderíamos ser mais diferentes um do outro. Ela, por exemplo, já teria esclarecido outra informação anterior: não se trata de viagens de trabalho, seria mais exato dizer que viajo todos os dias para ir e voltar do trabalho; de manhã cedinho pego o TAV, trem de alta velocidade, para um desses modernos “distritos de negócios” na região de Campinas.

As funções que exerço são as mesmas de sempre: examino contratos, participo de reuniões, negociações, seminários, workshops, etc. É meio estranho trabalhar num lugar onde ninguém mora, um bairrão artificial em que tudo foi construído de uma vez só e as calçadas servem para tudo, menos para andar nelas. A vida nas ruas inexiste fora dos horários de chegada, almoço e fim do expediente.

E, claro, também escasseiam nesta cidade-fantasma bares onde um cristão possa fazer uma horinha antes de voltar para casa; pelo contrário, no fim do dia, todos saem frenéticos na direção dos coletivos e automóveis, disparando para fora daqui. Talvez seja a razão por que não chego a formar um mapa mental deste mega-brega condomínio empresarial com a sobriedade típica de um emirado árabe.

O que salva a humanidade é que sempre existirão os botecos de caminhoneiro; num desses pés-pra-fora, nos arredores da estação do trem, vim a conhecer Kathryn. Foi como descobrir a dinamite. Cheguei nela com a conversa a mais manjada da história do universo: “você vem sempre aqui?”, “onde você trabalha?”; e por aí fui indo, imprudente, sem conseguir frear os clichês que borbotavam da minha boca.

Até que levei a cipoada. ― Que é isto Vicente, você tá preenchendo um cadastro, ou o quê?

― Hmm... e o que mais você sabe sobre mim? ― difícil discernir o que mais doía, se o tom em que falou, se os fúlgidos olhos escuros que cravou em mim ou o fato de saber o meu nome.

― Sei que as lágrimas que você chora são de má água, e que acorda assustado à noite, e que as suas angústias são os prazeres sujos que busca, sabe que mais?, quem está atrás de tudo, não encontra é nada...

― De qualquer maneira, admiro a sua coragem... um lugar como este...

― Sou uma mulher civilizada, não posso me dar ao luxo de acreditar na coragem. Confio bem mais na traição.

Com estas e outras Kathryn foi me quebrando as pernas, me pirando o cabeçote; além do que, não me exige nada, não pede nem fornece qualquer informação sobre o passado. Tudo que a pode interessar encontra-se estrita e radicalmente no aqui e agora. De noite, comecei a ter uma série de curiosíssimos sonhos recorrentes: estou num mundo paralelo (pesadelo, videogame?), lá, devo escalar uma torre, escapar de armadilhas, e tudo isso com um pernicioso limite de tempo.

Não tem apelo, ajunto, nem agravo; se erro na montagem dos quebra-cabeças, ou vacilo na escalada da enorme Babel, na qual se ascende subindo em caixas que se puxa e empilha, perco a vida e volto ao começo de cada estágio. Bizarro, não sabia que era possível sonhar assim, avançando através de fases, como se houvesse um problema a ser solucionado. A dificuldade varia de moderada a simplesmente cruel.

Gozado como são os pequenos incidentes que mais podem descortinar os infinitos desfiladeiros da angústia. No moderno trem veloz, viaja-se praticamente sozinho; sempre que possível, os poucos passageiros preferem se isolar nas cabines amplas e iluminadas. Não conversar com o vizinho ao lado já está incorporado como o não fumar. Mas o camarada estava na minha frente, aos prantos, soluçava balbuciando ora para mim, ora para um celular que não completava a ligação: “atende, por favor... como é que pode desaparecer assim?...”

domingo, 14 de agosto de 2011

a bárbara multiplicidade do maravilhoso terrível


Todos os meus cachorros se chamam Bingo.

Quero dizer todos os que vieram depois do Bingo, o primeiro, aquele que desapareceu no mesmo dia em que terminou a minha infância. Ainda não ia para a escola, mas começaria no ano seguinte; acabava de completar seis anos.

Quase sempre, em meus devaneios, me transporto para aquela casa, e é sempre a mesma sala onde derivo sozinho, perdido entre painéis de mogno; (estou sentado no chão escuro), os dedos entrelaçados ao brocado do sofá, oprimido pelo estofamento e o peso das cortinas.

Às vezes quedo-me pasmando durante minutos ou horas, tenho esse costume de ficar de cisma, espécie de meditação involuntária que termina numa pergunta inútil: “Será possível que não tenham percebido a ação da Bloqueadora?”

A escada do sobrado onde morávamos tinha um patamar onde a Bloqueadora se escondia para nos tocaiar. Surgia do nada e impedia a passagem de um lado: “Oh, me desculpe”; depois do outro, “Me desculpe novamente”.

“Desculpe, desculpe, desculpe outra vez”, ela prosseguia até o primeiro grito; então, desaparecia correndo, deixando um dos irmãos mais novos a chorar. Eu era o caçula, tinha menos sete anos que ela. O único ser vivo que me ligava ao mundo era um fox paulistinha com jeito de vira-lata.

Castigos físicos não a assustavam, como se a certeza de saber infligir mais do que recebia lhe pagasse com alguma forma de corretagem da dor. Descobriu que podia maximizar a minha angústia adiando a retaliação e, sobretudo, variando suas muitas, e para mim incompreensíveis, vinganças.

Viajamos nessa época com toda a família, duas semanas em Caxambu. O carro cheio, a casa trancada e a Bloqueadora com um sorriso petulante. O Bingo ia ficar com uma vizinha que não conhecia; acho que foi a última vez que rezei ainda acreditando.

Voltamos e o Bingo não voltou. Anos depois disso, mudamos para um apartamento em outro bairro. Mas aí já era outra pessoa. Lembro que odiei a escola, os colegas, o bairro, e tudo mais que veio em seguida desde então.

Foi também quando comecei a desejar que Deus morresse. Até porque Ele tinha visto tudo: a trama da minha irmã, a omissão conivente de mamãe, a paralisia do meu pai, os primeiros sinais do problema do meu irmão...

Mas o que o cão tinha a ver com tudo isso me escapava, como ainda escapa. Nas lições da catequese descreveram-me o pecado como um cravo na madeira mole da alma; a confissão é capaz de remover o cravo, mas não a marca deixada por ele.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

na temporada dos furacões

É como uma revoada de pombos em fuga de um campanário que estronda subitamente. Hoje, principalmente agora que faço um esforço de sistematização nestas minhas memórias, percebo que as badaladas daquele sino me embriagaram o juízo e obstruíram os sentidos. Diziam-me: “Irany, você é o Collin Powell brasileiro”, “desse jeito ainda vai chegar a Ministro da Defesa”, “o primeiro negro no Estado-Maior do Exército”, ou ainda, “a importância da sua missão é maior do que se tivesse sido enviado para Marte”.


E não era pra menos, basta considerar o contexto da época: os americanos atolados no duplo front do Iraque e do Afeganistão, o Brasil aspirando ao protagonismo no cenário sul-americano e mundial, a situação na ilha deteriorando rapidamente para um quadro de guerra civil ― literalmente tudo parecia recomendar a missão de estabilização do Haiti decidida pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em 2004. Os capacetes azuis seriam majoritariamente brasileiros e a chefia militar da Missão de Paz era minha, General de Divisão Irany Damião Galdino.


Embora muito me custe, porque amo a instituição à qual servi tantos anos ― e já que aqui me permito expor o que os nossos arquivos não revelarão nunca ―, sou forçado a admitir que a intervenção no Haiti é um redondo fracasso: político, estratégico, militar, humanitário, etc. Aliás, recomendo a qualquer um que habite um lugar onde chegue qualquer coisa que leve o nome de “missão de paz”, que fuja incontinenti. Sebo nas canelas. Nada é o que as palavras dizem, e não me espantaria se esta desastrada intromissão na soberania de um país entrar para a história como um sucesso retumbante.


O que você enxerga na figura abaixo?



Tanto pode ser um pato como um coelho; poderia até ser ambos, um ambíguo pato-coelho, mas também se pode dizer que nem uma coisa nem outra, pois não passa de um conjunto de pontos e linhas... onde vemos o que queremos ver! Assim é a linguagem, com a qual começamos por representar o mundo, mas que acaba por criar um mundo próprio com seus infindáveis jogos e disfarces. Assim sucedeu a mim, Monsieur le Général Galdino, lobo-ovelha & um dos muitos arquitetos do caos que arrasta os caribenhos para a miséria e o massacre ao sabor dos impérios que há séculos assolam suas águas azul-turquesa.


Monsieur le Général. Desta maneira, com o suave acento creole, me tratava o meu intérprete e ajudante-de-ordens informal, Pascal Beauvoisin. Recrutado meio por acaso entre os milhares de jovens sem rumo nem futuro que enxameiam pelas ruas de Porto Príncipe, rapidamente Pascal se tornou imprescindível no meu trabalho que envolvia diretamente a população local. Através dele comecei a ter um vislumbre do que realmente se passava ali, e o que a princípio me parecia cristalinamente claro, mostrou ser um dos tipos mais cruéis de pato-coelho.


Foi na Ilha de Hispaniola, que hoje abriga o Haiti e a República Dominicana, que Colombo primeiro pisou a terra do Novo Mundo; no Haiti levou-se a cabo a primeira rebelião bem sucedida de ex-escravos; espanhóis, franceses, americanos, e agora, nós, a potência emergente, decidimos que não ia ser bem assim. Desde que a CIA e a NSA depuseram o último presidente haitiano democraticamente eleito, a única catástrofe que Washington e a “missão pacificadora” que chefiei não causaram diretamente foi o terremoto de 2010.


Porque até uma epidemia de cólera trouxemos para esta ilha onde 80 % das pessoas vivem abaixo da linha da pobreza. Um destacamento de soldados nepaleses contaminados; perfeita ilustração de como um encontro internacional de escoteiros pode muito bem encobrir os mais espúrios interesses geopolíticos ― o nome do jogo aqui é: vamos esvaziar a área de influência de Chávez e de Cuba e o povo haitiano que engula mais umas décadas de eleições fraudadas, governos-fantoches, corrupção e violência. Quando visitei Pascal, que morria esvaindo-se em diarréia naquele nauseabundo hospital de campanha em Bel Air, percebi que tinha chegado ao meu limite.


Há lembranças de todos os tamanhos e feitios, algumas até que são formas de esquecimento, e há aquelas imagens que ficam agarradas feito pano sujo à parede da memória; era um fim de tarde mormacento no início da temporada de furacões, meados de junho, quando o calor estival vem encerrar as primeiras enchentes do ano, como de hábito, retornava ao alívio refrigerado do escritório para organizar a agenda do dia seguinte e fazer hora até que a viração noturna tornasse respirável o ar no percurso de volta para a vila militar; ia entrando quando me apercebi da sombra que se movia lá dentro ― Pascal ―, de costas para a porta, deslizava de braços abertos e estendidos como a abraçar as prateleiras da minha biblioteca, suas mãos acariciavam as lombadas dos livros, na cabeça, pendida para trás, divisavam-se as narinas dilatadas parecendo absorver um perfume raro; o moço era uma traça: devorava os romances que lhe emprestava para aperfeiçoar o português: comecei com João Ubaldo e cheguei a Adolfo Caminha; anunciei a minha presença pigarreando, um raio de luz coado pela gelosia infiltrava um resto da radiação mais luminosa do dia, ele não se mostrou assustado nem constrangido, pegara uma edição ilustrada do Kama Sutra, perguntou porque eu guardava esse livro com a lombada virada, respondi: Pascal, há certas coisas que devemos esconder; retrucou-me em francês (o que quase nunca fazia), “ah bon?, c’est dommage ça...”, olhou dentro dos meus olhos e pôs-se a ler um trecho: “o amor é temido e desejado por homens e deuses, a morte, os homens temem e os deuses invejam”.


Bel Air, Cité Soleil, Port-au-Prince, favela que se preze tem de vir com esse humor mordaz embutido em seu nome: que o digam Heliópolis, Paraisópolis, Cidade de Deus... Às vezes precisamos viajar bem longe para entender as lições da própria terra.