diante
de tantas máquinas pensantes
ouso
sonhar
farto
de figuras de linguagem
procuro
um objeto direto
no
samba na magrela no futebol
penso
com as pernas
o
abraço é ponte entre distâncias
encontro
de solidões
o
segredo das cartas repousa na memória
do
papel
que
já foi árvore
do
rumor
que
já foi pássaro
do
canto
que
já é manhã
todas
as tardes o mar invade escritórios
interrompe
reuniões
adia
comícios
umedece
a moça
assusta
a praça
onde
heróis de bronze
não
dormem em paz
não
creio que os sorrisos morem
apenas
nas fotografias
nem
que a lucidez habite
apenas
a razão
preciso
acreditar que a mentira
é
também vocação da beleza
que
não conseguimos alcançar
Um comentário:
Gostei muito e achei o ultimo verso especialmente bonito e interessante.
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