domingo, 19 de junho de 2011
Ratazanas Humanas
Momentos de tremor.
Onze horas da noite. Decidimos não ir à Festa do Boi no Morro do Querosene. Dormimos.
Um barulho na casa ao lado, que está vazia há anos. Subo à laje e espero os olhos se acostumarem ao escuro.
Duas ratazanas humanas, esguias e ágeis, tentando pular o muro do jardim da minha casa.
Naquele ponto o alfeneiro do lado de cá se apóia na goiabeira do quintal do falecido vizinho. Um muro, uma tela e uma cerca viva de cafezeiros e sete-léguas dividem as casas.
Gritei feito louco lá de cima. As ratazanas escaparam para a rua pulando o portão da casa abandonada como se ele não existisse.
Sumiram pelas vielas que cortam os longos quarteirões do bairro. A polícia militar chegou em vinte minutos.
Tem acontecido muito na região: invasão de casas, estupros, roleta-russa, enfim, oportunidades únicas de vivenciar em primeira mão um conto de Rubem Braga.
Atenção: isto não é ficção.
É apenas um país que vai pra frente, praticando a justiça dos ricos, empurrando com a barriga o trânsito assassino, varrendo pra baixo do tapete terroristas italianos, deputados procurados pela Interpol, senadores que censuram jornais, sindicatos de ladrões e mafiosos que se tornam patrimônio nacional.
Boa sorte a todos.
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Um comentário:
De volta aos primitivos tempos em que o grito e a sorte eram a unica defesa possível. Que não lhes faltem!
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